

A paixão pelos cavalos começou quando eu tinha onze anos. O meu pai sempre fora amante das artes equestres e eu segui a seu hobbie desde então. Guardo com suave recordação a primeira vez que montei (foi uma égua chamada "Princesa"): - O meu pai tinha vindo de um passeio pelo campo e quando chegou à quinta fui perguntar-lhe se podia dar uma voltinhano picadeiro. Acabou por me deixar faze-lo mas sempre com atenta precaução e nunca exagerando o passo do animal, e paraprevenir desastres, pensou-se montá-la mas pela guia, para controlar o animal e também para me sentir seguro. E com os tempos, foidesta forma que fui ganhando estabilidade e equilibrio. Depois passadas algumas semanas já conseguia dar as minhas passadas sozinhodentro de um espaço seguro, o picadeiro. Certo dia tomei a autonomia de poder ir montar sem a supervisão do meu pai... um risco, mas uma demonstração de coragem. Felizmente não houve qualquer problema e provei a mim mesmo que estava apto para o fazer quantas vezes me apetecesse. E a partirdessa altura nunca tive receio de passear o animal dentro daquele espaço limitado. O passear dentro dopicadeiro é totalmente diferente de se fazê-lo fora. POr muitas variantes como é óbvio. Os cavalos são animais muito sensívéis e atentosa quaisquer murmúrios, sons, estalidos... portanto o ir para fora do picadeiro implica ter muito controlo do animal e de todosos estímulos que podem alterar o seu estado de calma e tranquilidade o que proporcionam o prazer de se montar a cavalo e de se fazer grandespasseios pelo campo. Enquanto o meu pai me acompanhava prevenia sempre a actividade por seguir sempre à minha frente e raramente medeixava ultrapassá-lo enquanto não me sentisse mais seguro... sem vacilar. Para conquistar essa maturidade mais e mais, foi necessárioter muita persistência e continuar a montar a "Princesa" até haver confiança suficiente de ambas as partes, quer do animal, quer minha.Conquistado este ponto de exigência, que ainda me levaram uns bons meses, pude me soltar em grandes cavalgadas solitárias semque me andassem sempre à frente a controlar. Estes foram os primeiros passos, o primeiro contacto numa arte que desde então nunca mais consegui resistir.
Desde então esse interesse começou a aumentar e decidi participar em feiras e inventos destinados aos amantes de cavalos com opropósito de conhecer pessoas mais experientes e formadas na matéria, em que o grau fosse muito maior que o meu. Tal era a minha curiosidade e sede de saber. Escutava tudo o que me diziam com tamanha atenção... coisa que já escapava ao meu pai, talvez porfalta de paciência... ou mesmo por desinteresse aparente. Passei a inscrever-me e a concorrer em certas provas de habilidade edestreza às quais se dão o nome de "Gincanas" e "Raides equestres" (este último se trata por passeios equestres organizados em grupo,dirigidos pelas Freguesias locais). Consequentemente a minha visão sobre a matéria foi se desenvolvendo e aumentou. Aprendi quedentro da equitação existem várias vertentes, estilos se assim se pode denominar, aos quais cada pessoa se adapta ou nutre um gosto especial. Pessoalmente prefiro o estilo destinado à formação de habilidades ao cavalo, chamado "Dressage". "Dressage" é-meconsiderado como expoente máximo de trabalho e dedicação para com este animal... que através de vários comandos do instrutor temde obedecer e ser capaz de efectuar tantos exercicios quantos lhes são pedidos. Requer tempo... mais tempo e muita paciência. Mesmo assim não me contentava em ver só os outros... precisava de mais. Corri em busca de livros e informação. Fiz pesquisase trabalho de investigação, não só documental, televisiva, mas também dialogando com pessoas do meio, ouvindo e escutando cada umadas suas experiências. Não me conseguia deter. Tal era a novidade... como o entusiasmo que parecia não querer deixar de me subirà cabeça.
Certo dia, o meu pai decidiu tomar a iniciativa de organizar um "horse-paper", marcando um percurso pelo campocircundante à nossa quinta. Espalhámos panfletos por todos os centros hípicos do Algarve para atrair o maior número de participantes.A minha mãe andava exausta e stressada com a quantidade de comida que tinha de fazer... e o almoço para organizar depois dasactividades. E comida para umas 50 ou mais pessoas não seria brincadeira, tinha mesmo de avançar com os planos e motivar o que poderia ser um dos maiores "horse-papers" do ano. Mas as circunstâncias não estariam a nosso favor... pois à medida que o diase aproximava, as condições atmosféricas iam ficando piores. No dia do concurso choveu como nunca havia chuvido esse ano. Arruinando,estragando todos os planos, todo o trabalho que organizámos. Foi uma frustração imensa... não queriamos acreditar. Ninguém apareceuno final. Foi o cúmulo do desespero. A minha mãe nem queria acreditar... quilos de carne e comida para o lixo. Bem, não apareceuninguém é como quem diz... aparecer, apareceu! Um enxarcado em água e alcóol da venda mais próxima de Bensafrim. Inacreditável!
Mas como se costuma dizer, o sol quando brilha, brilha pa todos e outrs dias surgirão para o aproveitar. Foi o que aconteceu!Passados uns meses... decidimos repetir o "horse-paper" frustrado anterior, mas desta vez melhor precavidos, até para o instituto de metereologia contactámos, "gato escaldado de água fria tem medo"... por isso, para nossa alegria o dia que marcámos posteriormente aconteceu coincidir com as previsões do instituto. Afinal o sol brilha para todos! E brilhou logo pelamanhã fresca e agreste enquanto chegavam os primeiros cavaleiros. O ambiente era de festa e a música que soava da quinta perdiassepelos montes e vales em redor. Coube a mim ficar no posto de controlo com um primo meu para receber os cavaleiros concorrentese lhes entregar os formulários com as regras de participação do jogo. Durante a hora de almoço, o festim foi surpreendente, todos elogiaram a comidinha feita pela minha mãe e se repastelaramtodos à mesa antes da entrega dos prémios. Esse dia foi maravilhoso, tal como se uma recompensa pelo desastre da tentativa anterior.Sim, o sol brilha para todos, eheheheheh.
Tenho um amigo chamado Filipe que nos contou conhecer um senhor que possuía um cavalo genial que tinha alguma formaçãoem habilidades de alta escola. Eu e o meu pai concordámos falar com esse senhor. Uma tarde fomos ter à sua casa pois queriamos vê-lomontar e acreditar com os nossos próprios olhos a maravilha que era esse animal tão comentado. Foi paixão à primeira vista,fikei impressionadíssimo com o animal. Nem sei o k senti... foi um "BOOOOM!!!!" ERa um cavalo com qualidade, forte, inteligente,robusto... e impressionante! Nessa mesma noite o meu pai confessou-me que iria comprar aquele cavalo. Mal pude acreditar! Isto em vésperas de feira em que iamos levar a nossa égua. Voltámos à casa do tal senhor e tentámos fazer negócio. Assim foi!O meu pai comprou o cavalo para mim. No fim, levámo-lo para a feira. "Ruffus" é o seu nome, o nome que figurava na parcela ondeficava exposto. Um orgulho! No entanto, com esta fabulosa aquisição, não seria a mesma coisa que montar a "Princesa" (sem ofensa, ehehhehe) tivede passar por um período de adaptação para que o cavalo compreendesse e fizesse as habilidades que lhe haviam sido ensinadas.Como não fora tarefa fácil, o facto de eu ter tido algumas aulas com o seu ex.dono, ajudou em muito a facilidade de chegar a essaadaptação. Mas o cavalo tava tão confinado às ordens dadas pela voz, pelos toques de perna e mãos que acabou por ser mais simplesdo que imaginava.
Após alguns meses de ter o cavalo na nossa quinta, já nos tinhamos habituado um ao outro, visto montá-lo todos os diaspela tarde. Quanto mais practicava, mais resultados surgiam para meu contentamento, mais compreendia como tudo realmentefuncionava. Posso até dizer que tenho sido mais eu a aprender com o cavalo do que o contrário, eheheheheh. "Ruffus" passou a ser SEMPRE a minha montada. Passei a estar mais presente nas feiras daí um hábito que se veio a tornar imprescindível.
Para destacar a beleza e a figura formada por mim e pelo "Ruffus" comprei dois arreios completos, de alta qualidade, umarreio de ensino e um outro à Portuguesa. Por conseguinte, a qualquer lado que fosse com ele era um dos cavalos mais vistosos eadmirados. "Ruffus" é brilhante! No entanto tive que me mentalizar que não é só o facto de andar num cavalo daquele tipo e já está,não! Tinha de haver algo que se aproximasse ao termo ELEGÂNCIA, tanto por parte do cavaleiro como por parte do cavalo... mas oanimal já o era por natureza... hummm, por isso só faltava o dono, eu. EhehehehehE o que poderia haver para fazer sobressair a elegância de um cavaleiro... coisa que eu ainda não tivesse?? E pensei...pensei... rebusquei os mesmos livros de antes... e a resposta era tão evidente e estava mesmo à frente dos meus olhos. Claro,um cavaleiro precisa de um fato. Um uniforme... algo que lhe dê a figura daquilo que realmente ele é. Estava decidido... tinhade adquirir um fato de equitação. Já passou o tempo de ir para as feiras da mesma forma como se fosse para outro lugar qualquer, à "paizana", eheheheh. Mandámos fazer um fato exclusivamente para as minhas medidas e assim poder dar um "look" que apesar detradicional fosse sofisticado. Nada seria igual... sim, porque a primeira vez que montei no "Ruffus" vestido com o fato, senti uma diferençatremenda! Era estranho, a forma como o fato se molda ao corpo leva algum tempo a habituar. Mas nada de transcendente! Eheheheh
Nunca desisto de trabalhar o "Ruffus", dentro do picadeiro, pois é necessáriamente importante manter frescas e presentestodas as habilidades que adquiriu ao longo dos anos. Ao que chamo de "afinar o animal". Vejo tantos espectáculos equestres e galas quanto posso, e de todos os tipos também. Ajudam-me, inspiram-me, dando sentido ao que eu quero escolher como estilo de vida e profissão: CURSO DE GESTÂO EQUINA e vir a ser um cavaleiro daESCOLA PORTUGUESA DE ARTE EQUESTRE. Por isso o apostar na investigação e na formação é IMPORTANTE!
Daí que : a equitação... "A EQUITAÇÃO é uma arte que só os amantes dos cavalos sabem..." e eu sei!